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Mestre Nuca

Nuca é apelido de infância: Nuca de Tracunhaém ou Nuca dos Leões. Leão é o signo de Nuca, ou Manoel Borges da Silva, que nasceu a 5 de agosto de 1937, no engenho Pedra Furada, Nazaré, Mata Norte pernambucana.

Filho de agricultores, viveu a infância em um ambiente de ceramistas e desde os dez anos, modelou em barro elementos do cotidiano. Mudou-se para a cidade de Tracunhaém/PE e passou a conviver com diversos ceramistas em feiras e salões de arte popular, entre eles, Ana das Carrancas e alguns netos de Vitalino.

É em 1968, quando esculpe o primeiro leão, que se reconhece artista, consagra-se com o efeito visual da juba leonina.
O motivo da consagração veio da ideia de esculpir leões e floristas. A mulher, Maria Gomes da Silva, ou Maria de Nuca, teve a ideia de colocar os cabelos cacheados, também no leão.
A moda da juba encaracolada se difundiu tanto, que artesãos aderiram à onda, substituindo pena de galinha pelos cachos. Além desses, que consistem nuns rolinhos de barro aplicados um a um, há o leão de listra, o escamado e o de tranças.

Sobre a escolha da temática dos leões, cogita-se que pode estar vinculada à memória recente da estatuária de louça portuguesa decorativa dos sobrados ou, ainda, à memória ancestral daquele que é considerado o rei dos animais.
Entretanto, não podemos deixar de lembrar que o símbolo de Pernambuco é o leão, tampouco menosprezar a força do imaginário de ascendentes negros africanos presentes na Zona da Mata, nem esquecer que a antiga denominação de Carpina era Floresta dos Leões.

Se a família de Nuca era de agricultores, e não de louceiros, o mesmo aconteceu com a família de Maria, que também era da roça, não tinha ninguém no barro. Pode-se dizer que a obra de Nuca é quase obra de dois artistas, originalidade a quatro mãos. O leão e as bonecas foram criação dele e da mulher.

Após afastar-se do ofício, por problemas de saúde, dois dos seis filhos dão continuidade às artes dos pais, Nuca e Maria: o primogênito Marcos Borges da Silva, ou Marcos de Nuca, faz os leões e José Guilherme Borges da Silva, o filho mais novo, faz as bonecas.

Nuca dos Leões criou os filhos com a arte saída das próprias mãos, festejou a alegria de viver fazendo sempre o que gosta e também ofereceu todas as condições necessárias ao aprendizado e exercício artístico dos filhos seguidores.

A obra do artista pode ser apreciada em antiquários, galerias de arte, e enfeitando praças do Recife, como a do 1º Jardim de Boa Viagem e a Tiradentes, no Cais do Apolo.

Em 27 de fevereiro de 2014, o ceramista morre no Recife.

O Portal da Arte possui no seu acervo as obras que saem das mãos do Marcos de Nuca, um dos filhos que dá continuidade à essa obra que permanece viva e se se transformou no símbolo do artesanato pernambucano.

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