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Zé Alves

Filho de artesão que produzia brinquedos populares feitos de latas – o mestre José Alves, já aos 12 anos de idade dava vazão à criatividade esculpindo com o seu pequeno canivete troncos de bananeiras que encontrava pela vizinhança. Nasceu em Recife, no dia 24 de junho de 1953. Irrequieto, sempre se via às voltas com galhos de árvore, via de regra usados para materializar o que o imaginário infantil indicava.

No ano de 1969, o adolescente de 16 anos foi convidado por Sílvia Coimbra, uma das mais importantes pesquisadoras da arte popular brasileira, e proprietária da galeria Nega Fulô Artes e Ofício, para trabalhar no espaço.

Na galeria, José Alves conheceu e passou a conviver com Manuel Fontoura, o Nhô Caboclo, um dos mais expressivos artistas populares de Pernambuco, nascido no começo do século 20, em terras dos índios Fulni-ôs, no município de Águas Belas, Agreste do Estado. Andarilho, analfabeto e de biografia imprecisa, Nhô Caboclo externou sua arte no barro (costumava dizer que tirou barro com Vitalino, em Caruaru), mas consolidou um estilo único com peças articuladas feitas em madeira e folhas de flandres que retratavam negros guerreiros, navios escravos, entre outras temáticas. Sua obra integra importantes acervos, como o do Museu do Homem do Nordeste e o do Museu Afro Brasileiro (SP).

Resgatado das ruas recifenses por Sílvia Coimbra, Nhô Caboclo foi mestre de José Alves e influenciou profundamente a arte produzida por ele. “Além de grande professor, ele foi um amigo. Tenho uma enorme gratidão a Nhô Caboclo, de quem sou discípulo com orgulho, à Sílvia Coimbra e à Janete Costa, que ajudaram na definição da minha linha de trabalho”, relata.

Em sua casa, em Olinda, toda a família está diretamente envolvida na confecção de esculturas feitas em madeira louro canela escurecida e com forte influência africana. São navios negreiros, cataventos, sacis-pererês, índios, guerreiros tribais, biombos, estruturas complexas como casas de farinha articuladas, dentro de uma ampla cartela. Seu trabalho tem grande aceitação em países como o México, Estados Unidos, França, Portugal, Espanha e Suíça, além de diversos estados brasileiros.

Aos 64 anos, o mestre, que adotou Olinda como sobrenome ao se mudar para a cidade monumento, mantém o mesmo espírito irrequieto e busca novos desafios em sua arte. “Tenho muito orgulho do meu trabalho e até onde ele me levou. Através dele, criei meus filhos e me realizei enquanto pessoa e artista”.

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