O ceramista José Joaquim da Silva, o Mestre Zezinho de Tracunhaém, fez da arte santeira a sua expressão maior, tornando-se um dos mais importantes artistas populares do Brasil, fonte de inspiração e mestre de dezenas de artesãos, tendo obra escultórica encontrada em acervos de igrejas, museus e coleções particulares, como o Museu de Arte Contemporânea (PE), Museu Casa do Pontal (RJ) e Palácio do Planalto.
Nasceu em 1.939, no município de Vitória de Santo Antão. De família humilde, foi criado no corte da cana-de-açúcar e até os 21 anos de idade esse foi seu meio de sobrevivência, trabalhando em engenhos da região. Em uma eventual viagem à Tracunhaém, se deparou com a produção cerâmica dos artesãos do município e ficou fascinado. Ganhou de Lídia Vieira – pioneira e uma das mais notáveis artistas da cidade – um punhado de barro. “Sentir o barro nas minhas mãos, foi uma sensação de eu nunca mais vou esquecer em minha vida. É como escutasse uma voz vinda de dentro dizendo: trabalhe”, recordou o Mestre.
Assegurando o sustento da família de dia e se dedicando ao barro à noite, Zezinho não demoraria a criar a sua primeira peça: um casal de namorados encostado na porteira de um engenho que, admite, retratava um dos primeiros encontros dele com Maria, sua amada esposa.
Na terra do artesanato do barro, Mestre Zezinho se inicia na arte santeira. Sua escultura em que Nossa Senhora aparece grávida ao lado de São José, destaque na 1ª Bienal do Artesanato de Pernambuco (1986), projetou o nome do artista, que ao longo dos anos teve como admirador e incentivador Abelardo Rodrigues (1908-1971), especialista e um dos maiores colecionadores de arte sacra do Brasil.
Na temática sacra, Mestre Zezinho ganhou fama pelas esculturas ricas em detalhes e volumes que podiam chegar a dois metros de altura. Faleceu em 2019, sua produção artística é continuada por quatro dos seus nove filhos e dois dos 13 netos.
O atelier do Mestre Zezinho hoje é administrado pelos filhos Fernando e Carlos, juntos assinam Zezinho Filho e ambos tem o talento no DNA e um amor a arte e ao precioso legado!
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